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HEXAGRAMA 43: AFASTANDO COM DETERMINAÇÃO

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JULGAMENTO

“AFASTANDO COM DETERMINAÇÃO, manifesta-se na corte do rei com gritos confiantes, mas com prudência, [ao mesmo tempo] que informa à própria cidade que não é conveniente chegar às armas. É conveniente ter aonde ir, ainda que desordenadamente.”

A palavra-chave deste hexagrama é decidir: alguém deve tomar uma decisão ou algo foi decidido com firmeza.

Ao obtê-lo, a pessoa provavelmente está se defrontando - ou em breve se defrontará - com uma situação desagradável, com uma oposição ou com uma moléstia em que é preciso agir com determinação e energia.

Em princípio, a pessoa tem tudo para ter sucesso nessa tarefa, pois este é o hexagrama da vitória, da remoção das dificuldades, obstruções e obstáculos. Nada deve impedir o sujeito da consulta de agir - caso ele esteja se questionando sobre a oportunidade e propriedade de alguma ação ou decisão - e nada poderá deter o movimento, uma vez que este seja desencadeado.

Apenas, certas condições são necessárias para que o processo chegue até o fim com o mínimo possível de desarmonia ou de danos, pois a questão é resolver o assunto de uma forma definitiva, afastando, e não destruindo, aquilo que se opõe, que desagrada ou que é nefasto ao sujeito da consulta. A tensão existente deve ser liberada através de uma ação enérgica, talvez até de uma ruptura, mas essa ação deve ser, tanto quanto possível, racional, justa e delicada ou, no mínimo, civilizada. Atitudes selvagens ou bélicas não são recomendadas por enquanto: agir e cortar com decisão não é o mesmo que esmagar com brutalidade.

Assim, algumas instruções bastante específicas sobre como agir são fornecidas ao sujeito da consulta:

  1. A decisão de cortar, afastar, resolver ou remover do nosso caminho aquilo que nos perturba deve ser tomada; não deve ser adiada, nem as coisas podem simplesmente ser deixadas como estão, sem que se tome nenhuma atitude.
  2. A decisão tomada e os fatos que levaram a ela devem ser declarados e explicados a todos os envolvidos na questão, especialmente aos mais próximos, com palavras, oralmente ou por escrito. Não basta decidir interiormente e passar a agir de acordo com essa resolução, sem deixar tudo bem claro para os outros, porque os elementos contrários a nós possuem razões e fundamentos em que se apoiam e poderão alegá-los contra nós, caso não tenhamos antes exposto a veracidade dos fatos e prevenido nosso meio.
  3. Ao fazer a sua declaração a pessoa deve ser rigorosamente verdadeira, mas prudente: cuidadosa e exata quanto ao que diz e ao que faz, não se permitindo inverdades, concessões ou deslizes. Pode falar com confiança e segurança, porque essa sua exposição acabará esclarecendo as coisas.
  4. A pessoa deve convencer a si e aos seus de que não é conveniente brigar, chegar às vias de fato com o opositor, pois isso acabaria lhes sendo mais prejudicial do que benéfico. O que se busca é uma solução.
  5. É importante que a pessoa tenha em vista o que fazer depois de tomada a decisão e as providências de que aqui se trata, pois com essas atitudes a presente questão se encerra e será ocasião de ocupar-se de outras coisas.

Como se vê, para que se cumpra o oráculo, o sujeito da consulta tem que participar ativamente.

Essa é a previsão geral para quem obteve este hexagrama. Se houve linhas mutantes, elas darão indicações para casos particulares. Se ele saiu como segundo na consulta, significa que o desenrolar dos acontecimentos previstos pelo hexagrama anteriormente tirado deverá resultar na necessidade de uma ação decisiva em algum aspecto da realidade enfocada, ou nela toda.

IMAGEM

“O lago sobe até o céu AFASTANDO COM DETERMINAÇÃO. Assim, o sábio distribui felicidade, inclusive aos inferiores, mas caso descanse na sua virtude acabará sendo odiado.”

O conselho da Imagem é de que é necessário agir com determinação para resolver a questão que motivou a consulta ao oráculo. É agindo com decisão que se consegue progresso e sucesso nessa matéria.

Isso pode gerar ressentimentos ou antagonismos, os quais devem ser aplacados com dádivas generosas, cuja distribuição deve considerar o tamanho do favor recebido ou da oposição aplacada e não o merecimento de quem recebe o benefício.

A distribuição de dádivas não se deve transformar em regra, em prática contínua e impensada, automática, pois isso faria com que as pessoas agraciadas achassem que receber favores é um direito seu.

1ª LINHA (9)

“Seus passos para frente são fortes, [mas] avançar desordenadamente, sem conquistar, envergonha.”

Esta linha mostra a pessoa com uma forte inclinação a promover imediatamente o afastamento daquilo que a perturba, ou que se lhe opõe, sem fazer um planejamento prévio, ou seja, agindo sem pensar.

Assim, ela não só não atinge o seu objetivo (avança, mas não consolida a conquista daquilo sobre que ou para que avançou), como se envergonha pelo modo como procedeu.

O seu fracasso se deve a que ela, muito ativa, cuidou apenas de decidir e agir rapidamente, sem expor o caso e sem tomar todas as precauções e fazer os demais preparos antes, conforme recomendado pelo JULGAMENTO deste hexagrama. Ela colocou os pés adiante da cabeça, agiu antes de pensar, o que é um erro.

A recomendação para o momento é agir com muita prudência, tomando apenas medidas protetoras e acautelatórias, porque os problemas são grandes demais para que possa resolvê-los de imediato.

2ª LINHA (9)

“Gritos de alarma ao anoitecer e na noite [porque] há guerreiros, mas não fique ansioso.”

Esta linha mostra o caso em que a necessidade de agir com decisão gera um clima de inquietude, turbulência e ameaça de deflagração de luta.

Isso, entretanto, não é provocado pelo sujeito da consulta, que se mantém equilibrado. Ele não precisa ficar preocupado e ansioso, embora deva permanecer vigilante e preparado para qualquer eventualidade.

Com calma e segurança deve dar prosseguimento ao que decidiu - que provavelmente envolve um processo de mudança e renovação - pois isso está certo, dará bom resultado e, mesmo que gere alguma revolta agora, depois lhe trará reconhecimento.

3ª LINHA (9)

“[Mostrar] força na face é prejudicial. Agindo sozinha e muito eficientemente, a pessoa sábia encontra chuva, encharca-se e tem raiva; [apesar disso] não erra.”

A pessoa da 3ª linha reúne força e capacidade de decisão e de ação, e demonstra isso abertamente na sua expressão e atuação, o que lhe traz problemas, pois gera reação oposta imediata.

Como a situação é realmente difícil, espinhosa, ela sofre alguns reveses, os quais se refletem na sua aparência.

Buscando a solução dos problemas e a sua satisfação pessoal, acaba encontrando sofrimento, mas isso decorre das circunstâncias, e não de erro seu.

Ela deveria não mostrar toda a sua força e capacidade, nem se revelar tão corajosa, principalmente quando estiver lidando com elementos antagônicos.

E deveria também não agir sozinha, mas em equipe, e sem colocar toda a sua esperança de alegria na dependência dos resultados da questão objeto da consulta.

4ª LINHA (9)

“As nádegas sem pele obstaculizam sua ação. Conduzido como uma ovelha o remorso desapareceria, mas ouve estas palavras e não acredita.”

Esta linha mostra a pessoa já tão depauperada, tão ferida, tão estressada ou sensibilizada que não consegue atuar como deveria na matéria da consulta.

Além disso, está numa posição ingrata, que ela não merece e que não lhe é adequada. Por isso ela não consegue tomar as decisões acertadas, executar as medidas e fazer os cortes ou afastamentos necessários, e o seu caminhar não se desenvolve, tende a ficar estacionário, numa espera desconfortável, sofrida e solitária, de onde terá que se livrar por si mesma, embora acatando orientações de outros.

Se a pessoa aceitasse, agora, conselhos e orientação, ou mesmo seguisse o exemplo de outros, mais experientes, mais sábios ou mais bem sucedidos do que ela na matéria da consulta, estaria indo por um rumo do qual não se arrependeria mais tarde, pois provavelmente daria certo. No entanto, ela não aceita conselhos dos outros, não acredita e não compreende que eles possam estar com a razão, e se dá mal.

5ª LINHA (9)

“A erva daninha é muito deficiente; agindo com moderação não há erro.”

Esta linha mostra o caso em que a pessoa promove, com facilidade, o rápido afastamento de elementos negativos ou de aspectos negativos da realidade enfocada pela consulta.

Se ela agir com moderação, sem excessos, a sua atuação estará correta e ela não terá motivos para arrependimento; mas ela ainda não tem a noção clara do que é um comportamento equilibrado.

(Pode existir, implícita nesta linha, a advertência de que afastar com determinação fatores ou pessoas negativas é algo necessário e correto no momento, mas não deve se constituir num objetivo permanente da pessoa. Seu objetivo permanente deve ser promover o bem, e não atacar o mal. Entretanto, quando for combater o mal, deve fazê-lo sem hesitação, ainda que o mal esteja se manifestando em alguém a quem a pessoa se liga afetivamente.)

6ª LINHA (6)

“Não grita, mas acaba tendo prejuízos.”

Esta linha representa o elemento negativo que, finalmente, é afastado.

Na sua arrogância, o sujeito desta linha se julga tão forte ou é tão orgulhoso que sequer pede ajuda, embora tenha ligações que poderiam ampará-lo.

(Nunca é demais lembrar que o elemento negativo pode ser externo ou interno ao sujeito da consulta e que, mesmo que pareça inofensivo, deve ser cortado com determinação.)