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HEXAGRAMA 9: CONTIDO PELO PEQUENO

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JULGAMENTO

“Apesar de CONTIDO PELO PEQUENO, ainda exerce influência.
Nuvens densas sem chuva se originam na nossa fronteira oeste.”

Este hexagrama revela que o desenvolvimento do assunto da consulta ou a atuação do sujeito da consulta estão sendo refreados por algum fator que, em princípio, não deveria ser capaz de deter o avanço daquela matéria ou daquela pessoa, por ser, em algum aspecto - no valor, na potência, na experiência, no conhecimento, no tamanho, na idade, na hierarquia, na importância, etc. - inferior àquilo que ele detém.

O elemento que quer se expandir é, por sua natureza, grande, forte, cheio de energia, possante, passível de duração no tempo, positivo, de ação direta, declarado.

O elemento refreador da expansão não é necessariamente forte, é de ação sutil, insinuante, às vezes hesitante, mas sua influência é suficiente para deter o avanço do outro, dispersando-o completamente ou diminuindo o seu impacto.

De qualquer forma são dois elementos opostos, separados, que não conjugam suas forças. Se se unissem em torno de um objetivo comum, provavelmente o avanço seria liberado.

Em conseqüência disso, o que vier a ocorrer, se vier, será de pouco alcance. Aquilo que constitui o núcleo da questão da consulta está sujeito à contenção: não se desenvolverá muito.

Se a questão formulada ao oráculo se referir a fatores negativos - perigos, problemas, doenças, dificuldades, separações, etc. - eles não serão tão problemáticos quanto parecem: apesar da sua aparência ameaçadora, não chegarão a se concretizar ou, se se concretizarem, os danos que causarem serão de pequena monta.

Se a questão formulada ao oráculo se referir a fatores positivos - resultados de ações empreendidas, perspectivas de sucesso, sociedade, envolvimento amoroso, casamento, restabelecimento de enfermos, ganhos materiais, ascensão social, poder pessoal, etc. - eles não chegarão a se concretizar ou, se se concretizarem, não serão tão formidáveis quanto se esperava que fossem.

Apesar de a força refreadora ser pequena, ela é eficaz, e as coisas podem ficar contidas por um tempo indeterminado, principalmente se este foi o único hexagrama obtido na consulta.

Se foi o primeiro hexagrama obtido, as linhas tiradas e o hexagrama derivado da sua mutação indicarão a evolução provável da matéria da consulta, que poderá, inclusive, superar a contenção.

Se foi o segundo hexagrama obtido, indica que a provável tendência das previsões do primeiro é serem detidas por algum elemento “pequeno”.

IMAGEM

“O Vento age acima do Céu, que fica CONTIDO PELO PEQUENO.
Assim, a pessoa sábia embeleza e refina seu caráter.”

Quando as coisas estão com o desenvolvimento contido e o sujeito está com o avanço refreado, pouco é possível fazer. Então, o mais sábio é voltar-se para o interior e cuidar de melhorar o caráter. A pessoa pode tranqüilamente dedicar-se a essa tarefa de aprimoramento interno, pois sabe que, por enquanto, não terá que dispensar muito tempo e energia para as atividades objeto da consulta, as quais estão detidas.

Depurar o próprio caráter também dará à pessoa (ou à empresa, à família, ao grupo, etc., àquele que for o sujeito da consulta) condições de melhor suportar as limitações impostas pelas circunstâncias.

Da mesma forma, não é aconselhável agora tentar promover grandes alterações internas, reformulações totais do caráter. Isso não daria certo, porque até essa ação voltada para si próprio está contida por algum elemento “pequeno”.

1ª LINHA (9)

“Retornando ao caminho por si mesmo, qual poderia ser o erro? Benéfico.”

A pessoa a quem se refere a 1ª linha está com seu avanço bloqueado.

Isso não ocorre por culpa sua, embora ela tome por si mesma a iniciativa de se conter. No que dependesse exclusivamente dela, ela avançaria, pois possui força, disposição e relacionamentos suficientes para ampará-la e estimulá-la. Mas alguma coisa há, talvez imperceptível por enquanto, que contraria o seu avanço de tal forma que ela, pressentindo isso, adota uma atitude bastante sábia e resolve voltar atrás, recuar, ou simplesmente não agir.

Entretanto, ela não deve, por esse motivo, desistir dos seus objetivos, abandonar o assunto. No futuro haverá possibilidade de retomada das ações, com estabelecimentos de acordos e novos avanços e retrocessos. Não é caso para desistir.

Tanto está correta a atitude da pessoa da 1ª linha que o oráculo lhe prevê uma evolução favorável do andamento da questão da consulta.

2ª LINHA (9)

“Retornar arrastado é benéfico.”

A 2ª linha mostra que tanto a vontade quanto a capacidade de avançar existem, mas ainda assim o avanço não é possível, devido a um impedimento que, na verdade, não se chegaria nem a perceber como força refreadora se não estivesse atuando como tal.

Talvez o que ocorra seja o fato de que como, de um modo geral, tudo está bloqueado, a pessoa da 2ª linha não consegue, ou não lhe interessa, destacar-se do conjunto e avançar sozinha.

Assim, contra a sua vontade, a pessoa é forçada a uma contenção. Isso está em conformidade com as circunstâncias e, assim, não rompe nenhum equilíbrio; acaba sendo bom.

A continuar como está, num futuro próximo a pessoa da 2ª linha também não poderá promover o desenvolvimento autônomo de projetos. Mais uma vez, a sua inclinação pessoal importará menos do que a sua função no contexto. Seu avanço continuará refreado, talvez até por ela mesma, de uma forma mais consciente do que agora, em razão de compromissos e obrigações assumidas, que envolvem outras pessoas. Em compensação, se se restringir a isso, não terá maiores problemas.

3ª LINHA (9)

“Os raios da roda reclamam do carro, como esposos que se olham de forma atravessada.”

Para a pessoa a quem se refere esta linha, o avanço é detido por algo que faz parte dela mesma, ou por alguém que integra a sua situação existencial.

Entre os dois elementos há uma divergência de ritmos e/ou de objetivos, refreando o movimento, o que desagrada a pessoa ou o fator representado pela 3ª linha, pois ele é, e sabe que é, mais enérgico, mais possante e mais decidido do que o outro, e ainda pertence a um grupo (familiar, ou profissional, social, organizacional, etc.) mais sólido e forte.

Ainda assim, o outro elemento tem uma maneira de se impor, através da veemência, da repetição e da ocupação insinuante de espaços, que acaba detendo as pretensões da pessoa da 3ª linha, impedindo-a de expandir-se a seu gosto, tolhendo-a. Além disso, é possível que tenha um protetor poderoso.

A pessoa representada pela 3ª linha deveria aproveitar a sua lucidez para conscientizar-se de que, nas circunstâncias presentes, ela não é separada daquilo que a incomoda. Ao contrário, os dois elementos, tal como se apresentam na matéria da consulta, formam um todo, e a pessoa deveria lutar para que atuassem como um todo, a fim de progredirem.

Assim como está, a situação é insatisfatória e infelicitadora, devido ao conflito.

A solução seria ou assumir a individualidade e partir para uma atuação independente, ou assumir a complementaridade, aceitando uma união realmente íntima com esse elemento, ou mesmo com outro, de mesmo nível que o seu. Essa última opção parece representar a tendência dominante da pessoa da 3ª linha. Entretanto, para isso, precisaria haver íntima confiança mútua entre os dois.

4ª LINHA (6)

“Havendo confiança se afasta do sangue e supera o medo, nenhum erro.”

A quarta linha representa a força refreadora da questão da consulta. A pessoa a quem se refere essa linha é, ela mesma, o agente refreador do seu avanço e, possivelmente, também do avanço dos outros.

A força refreadora é a desconfiança, a dúvida.

Esta gera o conflito e o medo.

O conflito pode ser declarado ou latente e se deve ao próprio fato de que, com sua hesitação e seus receios, a pessoa da 4ª linha acaba tolhendo a sua ação e a dos outros, principalmente daqueles que lhe estão mais próximos e que são influenciados por ela, pelo seu discurso repetido e/ou pela sua insinuação sutil. Embora deixando-se influenciar, os outros ficam contrariados e descontentes, o que pode fazer aflorar antagonismos.

O medo provém da falta de autoconfiança da pessoa da 4ª linha. Ela duvida da sua capacidade de realizar o que gostaria ou de cumprir a sua parte em determinada tarefa, por isso teme o fracasso e a desaprovação dos outros, principalmente da parte daqueles que são seus superiores e detêm o poder de decisão na situação da consulta, e que agora a apóiam e estimulam.

O oráculo aconselha a pessoa a cultivar a confiança em si mesma e nos outros. Confiando na capacidade dos seus companheiros, ela não mais tentaria deter o avanço deles, deixando assim de gerar conflito. Confiando na sua própria capacidade, ela deixaria de lado a insegurança e o medo, e não mais conteria o seu próprio avanço.

Observe-se que não há previsão de que a ação, se for empreendida, vá dar certo: apenas há a recomendação de que se elimine a contenção e se libere a ação, através da confiança e da autoconfiança.

A tendência da pessoa da 4ª linha é fazer isso mesmo, embora, de imediato, não o consiga realizar plenamente. Num momento futuro, ela já estará avançando, mas ainda de forma hesitante, sem ter definido bem os rumos a tomar.

Deve ficar claro que, tanto no momento presente quanto no desenvolvimento da questão da consulta, a pessoa da 4ª linha age com sinceridade, com autenticidade, seguindo a sua própria natureza; e, se ela chega a causar mal a outrem ou a si própria, fá-lo por excesso de zelo e não por falha de caráter.

5ª LINHA (9)

“Havendo confiança, amarrando-os, enriquece usando seus vizinhos.”

Apesar de a situação geral ser de contenção, a pessoa a quem se refere a 5ª linha consegue algum resultado, se não de avanço, pelo menos de acumulação.

Para conseguir esse resultado, ela precisa da colaboração de elementos que a ajudem, tanto direta quanto indiretamente; ou seja, seus próximos devem não só eles mesmos cumprirem a sua vontade, quanto compreendê-la e expô-la para que seja cumprida por terceiros.

Para conseguir a ajuda, ela precisa confiar em si e nos outros.

Em primeiro lugar, deve ter autoconfiança, baseada na consciência do seu valor e da clareza da sua visão sobre a questão da consulta.

Em segundo lugar, deve inspirar confiança, o que provavelmente já acontece, para que os outros se sintam dispostos a colaborar com ela e não atrapalhem o seu avanço.

E, finalmente, deve depositar confiança, acreditando na capacidade alheia, não duvidando de que eles possam realizar coisas, apesar da contenção.

De um certo modo, a pessoa da 5ª linha está acima da força refreadora. Reconhece-a, respeita a sua influência no todo, mas não chega a sofrer pessoalmente os seus efeitos, e até a utiliza a seu favor. À medida que avança, arrasta os outros consigo, contribuindo para promover o progresso de todos.

A tendência é de a posição da pessoa se tornar mais sólida e mais forte a partir dos acontecimentos aqui vivenciados, embora ela mesma, no seu caráter, se torne ainda mais flexível e receptiva. Com isso ela terá condições de enfrentar, com sucesso, novas situações de contenção.

6ª LINHA (9)

“Já choveu, já parou. Posicionada acima consegue uma carruagem, mas, se a mulher insistir, enfrentará perigo. Como a lua está quase cheia, se a pessoa sábia avançar decididamente, terá prejuízo.”

Desejando avançar, a pessoa a quem se refere esta linha, devido à sua própria energia individual, não se conforma muito em aceitar a contenção que o momento apresenta, e acha, e realmente parece, que vai conseguir escapar-se dela.

Porém, mesmo essa suposta liberação é limitada, e não há perspectivas de a pessoa conseguir mais, por enquanto. Quaisquer tentativas de forçar o avanço deverão levar a perigo ou a sofrimento, porque a contenção ainda domina. O pouco que se consegue não é bem o que se esperava, deixa a desejar, não satisfaz, ou vem fora de hora.

Assim, a pessoa não deve esperar realizar mais, por enquanto. Se avançar mais agora, isso gerará desconfianças nos outros e levará a uma espera que terminará em frustração e perdas só superáveis com a aceitação de ajuda vinda de fora.

Se, por outro lado, a pessoa a quem se refere a 6ª linha desejava conter o avanço (seu ou alheio) e estava exercendo a contenção, ela deve saber que não vai conseguir segurar as coisas por muito mais tempo. O poder de conter está quase no seu limite máximo: a partir daí as coisas serão liberadas mas, infelizmente, a tendência é de nem tomarem bom rumo nem irem muito longe, gerando, novamente, frustração e perdas que só serão superadas com a intervenção de novos elementos, bons, que agora não estão atuantes na matéria da consulta.

Assim, de qualquer maneira a previsão não é boa para quem chegou ao ponto indicado por esta linha. Portanto, se o consulente tiver alternativas de ação que evitem esse ponto, deve procurá-las. Porém, se já tiver chegado até aqui, deve esforçar-se para conservar aquilo que é bom para ele e que é correto, e deve procurar não se rebaixar a um nível de comportamento inferior ao seu melhor. Através dessas atitudes é que evitará grandes perdas.