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HEXAGRAMA 7: LIDERANDO COM EXPERIÊNCIA

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JULGAMENTO

“LIDERANDO: a insistência de um homem experimentado é benéfica e não erra.”

Obter este hexagrama na consulta ao oráculo indica que a pessoa, sujeito da consulta, está diante de uma grande quantidade de elementos que existem por si, mas que, a fim de se tornarem úteis para ela, precisam ser dominados e organizados. Em suma, ela precisa assumir o comando da situação, ou da relação, ou da sua própria vida, para ter possibilidade de êxito no assunto da consulta.

Para essa tarefa, ela conta com: o apoio dos seus superiores ou dos seus relacionamentos mais íntimos; a experiência e orientação de outros, em geral, com a energia e aplicação deles; e com a própria experiência que possua ou que irá adquirindo no decorrer da ação.

Trata-se de reunir, disciplinar e comandar uma energia dispersa, mas não necessariamente oposta ou revoltosa. Se são pessoas os elementos que se tem de organizar, o Yi Jing lembra que aquele que comanda tem que se identificar com aqueles a quem comanda: não há liderança sem liderados, não há comando sem a massa a comandar. Ou seja, para manter a posição de líder, a pessoa tem que garantir que haja elementos que queiram ou precisem ser liderados por ela. A maneira correta de liderar, aqui indicada, é tratando a todos como iguais, sem fazer distinções; é agindo com firmeza, equilíbrio e rigor, primeiramente consigo próprio, até mesmo para não se deixar inebriar nem envenenar pelo poder; e é submetendo a todos, inclusive a si próprio, à devoção àquela força maior que é o ideal ou meta a atingir.

Não há alegria na ação aqui prevista. Em face da necessidade de organizar e dirigir, há o perigo de não se conseguir dominar os elementos com que se tem de lidar, há a imposição de disciplina para fazer as coisas andarem de forma ordenada e segundo a nossa vontade, há a insistência e dedicação da pessoa e, finalmente, se houver êxito, há a sujeição e estabilização dos elementos. Também há companhia, muitas ligações entre os vários envolvidos na questão e, em particular, uma relação profícua entre o sujeito da consulta e aquele ou aquilo a quem ele se devota.

Pode ser que o exercício da liderança surja como uma necessidade de pôr ordem à massa de elementos que, neste momento, envolve o consulente e que, se não for organizada de forma útil, pode não só não lhe servir, como até atrapalhar. A idéia é de que aquilo que se procura ou com que se tem trabalhar não está muito distante de nós, mas faz parte do meio em que nos movemos, ou está oculto dentre o que temos à nossa disposição no momento, embora ainda não o distingamos, por não estar elaborado e destacado. Mas isso é apenas em princípio, uma possibilidade; nada impede que a pessoa percorra grandes extensões para reunir o “exército” que virá a liderar.

Trata-se, portanto, de um momento ativo e provavelmente progressista, de avanço, na vida do sujeito da consulta, mas não necessariamente de alegrias e amenidades. Pelo contrário, trabalho, responsabilidade e seriedade serão requisitos essenciais para a boa condução da matéria que, segundo o Yi Jing, tem plena possibilidade de atingir o êxito. O êxito na ação aqui prevista pode ser atingir o objetivo que o consulente tem em mente, mas pode ser simplesmente deixar algo preparado para ser utilizado na hora em que precisarmos dele. Pode ser acumular reservas (de conhecimentos, de forças, de aliados, de dinheiro, de soldados, seja lá do que for).

Mais garantido ainda está o início de uma realidade nova, emergindo da ação ora empreendida.

Em resumo, é para agir e insistir na ação, procurando dominar e organizar aquilo que constitui a matéria da consulta. Se se puder, nessa atividade, utilizar a experiência de outros, melhor, pois as coisas andarão com mais facilidade e sem erros. Se não pudermos contar com experiência já existente, temos de ir adquirindo nossa própria experiência durante a ação.

IMAGEM

“Há água no meio da terra: LIDERANDO COM EXPERIÊNCIA.
Assim, a pessoa sábia, porque abraça o povo, contém as massas.”

O conselho da Imagem, dirigindo-se a todos os que obtiveram este hexagrama na consulta ao Yi Jing, lembra que o material com o qual temos que trabalhar, neste momento, está à nossa volta, mesmo que nós não o percebamos. Dentre os elementos de que dispomos, através de uma dedicação especial a eles, poderemos extrair aquilo de que precisamos, ou que queremos, utilizando-o em seguida, ou deixando-o à disposição para quando precisarmos, segundo a nossa vontade.

Sob outro ponto de vista, a Imagem diz que aquilo que queremos ou de que precisamos não virá pronto para nós, de algum lugar, mas que, ao contrário, nós mesmos é que temos de descobri-lo, a partir do nosso lugar, e, assumindo a liderança do processo, elaborá-lo para deixá-lo em condições de ser aproveitado.

1ª LINHA (6)

“Um líder se manifesta usando regras porque, sem elas, haverá prejuízo.”

Esta linha mostra a pessoa completamente frágil e impotente perante a realidade que tem de enfrentar. Ela nem sequer tem uma visão completa de toda a abrangência daquela realidade. Assim, a única maneira boa que ela tem de avançar é apoiando-se em normas: seja naquilo que já é convencionado, preestabelecido ou ordenado para situações desse tipo, seja em regras que ela mesma estabeleça. E o oráculo mostra que essa possibilidade existe, pois, bem próximo à pessoa da 1ª linha, diretamente ligado a ela, está o elemento que pode - e até mesmo deve - dar-lhe as diretrizes básicas a fim de que ela comece a dominar e comandar a massa informe que tem pela frente.

Sem esse apoio, sem essa orientação da lei, das regras, a pessoa da 1ª linha pode até dominar a situação e progredir - não é dito que ela fracasse - mas, de qualquer modo, terá muito sofrimento. A salvação para ela, no sentido de evitar dores e danos, é ater-se a normas de conduta e apegar-se a quem possa ajudá-la com sua experiência.

Provavelmente é isso que a pessoa da 1ª linha fará, pois a sua previsão para o futuro, partindo deste momento, é de insistência e sucesso no avanço, acompanhada.

2ª LINHA (9)

“Um líder equilibrado é benéfico e não erra, o rei o galardoa três vezes com o comando.”

A pessoa a quem se refere esta 2ª linha está ou tem possibilidade de estar numa posição extremamente favorável com relação ao assunto da consulta.

Ela é forte, equilibrada, muito bem relacionada, e domina plenamente a realidade com que tem de lidar neste momento, conduzindo as coisas na direção desejada, de uma maneira acertada e feliz.

Além disso, sua posição e seu mérito são reconhecidos e acatados por todos os envolvidos na situação, sem exceção, inclusive por aqueles que, em virtude de sua experiência ou autoridade, detêm um status mais elevado, e a quem ela atende com prontidão e sem espírito de rivalidade.

Essa pessoa, segundo o Yi Jing, atravessa um período de boa sorte na matéria da consulta, derivado da boa vontade que elementos espirituais, superiores, têm para com ela, ajudando-a.

No futuro, deve continuar, para a pessoa da 2ª linha, a possibilidade de uma atuação efetiva, fácil e correta, de grande alcance dentro dos limites da matéria da consulta.

3ª LINHA (6)

“Um líder que provavelmente carrega cadáveres é prejudicial.”

A 3ª linha mostra que, além de a pessoa ter de se defrontar com uma realidade possivelmente nova, e dominá-la e comandá-la, ela mesma também faz parte dessa realidade, tendo de trabalhar a si própria para crescer e tornar-se digna daquilo que tem em mente e que provavelmente é o ponto principal da questão da consulta.

A situação é muito difícil para essa pessoa, porque ela tem de conduzir as coisas sem saber como fazê-lo e sem ter força e autoridade sobre nada.

Mas agora ela está aí. Precisa agir e, se ficar carregando consigo, no presente, coisas mortas do passado - sentimentos, preocupações, sonhos, receios, saudades, remorsos, enfim, qualquer coisa que já é mais atuante e que, portanto, não deveria ocupar a sua mente e o seu coração - terá sofrimento e complicações na execução das suas tarefas.

Também terá sofrimento se, em virtude de impulsividade, desprezar a experiência alheia, agir afoitamente por conta própria, e vier a ser derrotada, transformando sonhos e projetos em cadáveres.

Ainda poder-lhe-á advir sofrimento se, por causa da sua insensatez e inexperiência, males e mortes vierem a ser provocados, gerando culpas e remorsos que terá que carregar.

Como se vê, em qualquer caso em que venha a ter infortúnio, observa-se que a sua atuação foi completamente desprovida de mérito, ficando também sem valor algum o seu sofrimento posterior. Melhor evitar esses males: não servem para nada.

E de fato, parece que, com alguma sorte e com essa orientação do Yi Jing, a pessoa da 3ª linha resolve adotar uma atitude mais condizente com a sua posição. Assim conseguirá ir avançando sem dificuldades.

4ª LINHA (6)

“Um líder que acampa à esquerda não erra.”

Aqui o sujeito não se anima a enfrentar a realidade que tem em torno de si, toda espalhada e embaralhada, para tentar dominá-la e comandá-la.

Ele não tem apoio, força, nem disposição para tal tarefa e, conforme, provavelmente, é seu costume de agir no assunto de que trata a consulta, resolve parar e aguardar que as coisas se ajeitem por si mesmas, ou que alguém o ajude a enfrentar a situação.

O Yi Jing declara que não há erro nenhum nessa atitude, uma vez que só assim a pessoa evita de se perder permanentemente no emaranhado das coisas que, em princípio, deveria controlar.

O encaminhamento futuro da questão revela que, se a pessoa se livrar de certas ligações ou posturas que dão aos outros a falsa impressão de que ela está muito bem amparada e encaminhada, e se mostrar livre e disponível, logo aparecerão apoios confiáveis e a pessoa terá ajuda para prosseguir no seu próprio rumo que, talvez, não seja o de enfrentar a realidade que ora se apresenta.

5ª LINHA (6)

“Há animais no campo, é conveniente conter as palavras para não errar.
O filho mais velho deve ser o líder que comande porque o filho mais novo vai carregar cadáveres, insistir é prejudicial.”

Esta linha recomenda contenção.

Embora o sujeito da linha já distinga bem as suas metas e saiba aonde ir e o que deveria dominar para continuar avançando na matéria da consulta, não errará se não avançar agora. O que é correto agora é ele não se envolver, não lutar.

Na verdade, seja por limitações inerentes à sua posição, excessivamente rígida, presa a formalidades, tolhida por impedimentos legais ou coisas assim; seja por inaptidão - talvez até fraqueza - pessoal, o sujeito da 5ª linha não pode empreender por si mesmo a tarefa em questão.

A tarefa em si é espinhosa, difícil, demorada. Se a tarefa depender do sujeito da linha e ele procurar e obtiver auxiliares fortes, dinâmicos, leais, experimentes e equilibrados, tudo correrá bem, conforme os seus desejos; se, ao invés, procurar ajuda entre elementos sem merecimento, inexperientes e impulsivos, sem força nem bom senso, o resultado será desastroso e então é melhor suspender a ação, para evitar maiores danos. Se, por outro lado, a tarefa não depender do sujeito da consulta, ele deve abster-se de emitir opiniões ou tomar partidos.

De qualquer maneira, na continuação dos atuais empreendimentos, a pessoa da 5ª linha terá que esperar que os vários componentes da realidade em questão estejam nivelados, para que a ação prossiga sem erro. Esta ação de agora, sozinha, não basta: é importante mas não é suficiente para o domínio total da situação.

6ª LINHA (6)

“Um grande príncipe tem que ser nomeado para estabelecer feudos e dar suporte às famílias, porque um homem inferior não seria útil.”

Esta linha mostra a necessidade de organizar e bem administrar o que foi alcançado até o momento, a fim de sirva aos propósitos que se intenta.

Mais uma vez serão necessários auxiliares, e mais uma vez é fundamental que a escolha recaia nos elementos adequados, naqueles que apresentam capacidade, experiência e lealdade.

Tanto faz se a pessoa da 6ª linha é aquela que delega poderes ou aquela que recebe poderes: em ambos os casos tem que ser íntegra e ter grandeza pessoal, pois uma pessoa inferior ou desonesta não possui merecimento suficiente, seja para escolher auxiliares, seja para atuar como auxiliar. Em qualquer posição de poder, a pessoa inferior tenderia a cometer abusos e injustiças, ao invés de simplesmente coibi-los; e seria incapaz de comandar as coisas de modo a manter a ordem necessária ao bom desenvolvimento da questão da consulta.